quinta-feira, 21 de março de 2013

Caixa Seguros assume 70% da Previsul

SÃO PAULO - O Grupo Caixa Seguros assinou contrato para a aquisição de 70% da participação acionária da Previsul, seguradora gaúcha especializada em seguros de vida. Segundo comunicado do banco, o investimento, de R$ 70 milhões, se enquadra na estratégia de expansão do grupo, que atua nas áreas de seguros, previdência, consórcios, capitalização e saúde.

"A compra da participação na Previsul faz parte de um objetivo específico de crescimento na região Sul, com um mercado de 24 milhões de pessoas e uma grande tendência a consumir marcas de identidade regional", afirmou, em nota, o presidente do Grupo Caixa Seguros, Thierry Claudon.
De acordo com o comunicado, a Previsul é uma instituição fundada em 1906, especializada em seguros de pessoas, com uma carteira de cerca de 600 mil segurados, um corpo de colaboradores de 143 funcionários e aproximadamente 3 mil corretores cadastrados. A empresa fechou o ano de 2012 com faturamento de R$ 146,5 milhões e um lucro líquido de R$ 5,9 milhões.
A aquisição estará sujeita a aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Lucro
O Grupo Caixa Seguros, uma parceria da francesa CNP Assurances e da Caixa Econômica Federal, é o quinto maior do País em seu segmento. Segundo o comunicado, em 2012, apresentou lucro líquido de R$ 1,22 bilhão - o maior de sua história, com um crescimento de 21% em relação a 2011. Em faturamento, o grupo fechou o exercício passado em R$ 7,975 bilhões. A companhia tem 8 milhões de clientes.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios-geral,caixa-seguros-assume-70-da-previsul,147858,0.htm 21/03/2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Receita aplica multas de R$ 60 bilhões a multinacionais

Punição se deve ao não pagamento de impostos sobre os lucros apurados no exterior. As companhias, como Vale, Petrobrás, Ambev e Odebrech, contestam as punições

As multinacionais brasileiras e a Receita Federal estão travando uma disputa bilionária, que pode ameaçar a internacionalização das empresas. A Receita aplicou multas que, somadas, chegam a R$ 60 bilhões, por causa do não pagamento de impostos sobre os lucros apurados no exterior. As companhias contestam as punições na Justiça.

Para acabar com a insegurança jurídica, o Ministério da Fazenda negocia com os representantes das empresas uma nova legislação sobre o tema, que será enviada ao Congresso em breve. Segundo o Estado apurou, uma das alternativas mais prováveis é dar um prazo de oito anos para que as empresas internalizem os lucros obtidos fora do País e paguem os impostos devidos. A nova lei, no entanto, não resolve a situação das multas antigas.

Praticamente todos os pesos pesados da indústria nacional foram multados. Estão na lista: Vale, Petrobrás, Ambev, Gerdau, Odebrecht, CSN, Votorantim, Embraco, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Coamo, entre outras. Procuradas, as empresas não se manifestaram. A Receita também não deu entrevista.

A Vale, que concentra suas operações em uma holding na Áustria, foi multada em R$ 36 bilhões. A empresa não fez provisão no balanço, pois avalia que há possibilidade de vitória na Justiça. No caso de derrota, o impacto seria brutal, com venda de ativos ou até uma eventual adesão ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

Apesar de ser estatal, a Petrobrás é vice-líder das multas, com cerca de R$ 12 bilhões. Em seguida, aparece a Ambev, com autuações de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões, por não pagar os impostos por lucros obtidos por duas subsidiárias no exterior, uma na Espanha e outra no Uruguai.

Os valores restantes são menores, mas ainda assim expressivos. A Gerdau, por exemplo, foi multada em R$ 232 milhões, por consolidar lucros em uma holding na Espanha. A empresa conseguiu uma vitória em primeira instância na esfera administrativa, mas a Receita pode recorrer.

Imbróglio

Em todos os casos, o imbróglio é parecido. As empresas organizam as operações no exterior por meio de holdings, onde consolidam lucros e prejuízos apurados ao redor do mundo. Uma fatia do lucro é reinvestida, enquanto outra parte é enviada para a matriz no Brasil, quando a controlada paga dividendos à controladora.

As holdings são instaladas em países com os quais existem acordos para evitar a bitributação. Entre os destinos preferidos estão Áustria e Espanha. Com base nos tratados, são pagos impostos nesses países e quase nada no Brasil. Na visão das empresas, os acordos internacionais se sobrepõem à legislação local. Para a Receita, algumas dessas holdings só existem no papel, para evitar pagar imposto.

De acordo com advogados e fontes das empresas, o potencial de passivo tributário é, pelo menos, o dobro das multas já aplicadas. Boa parte das autuações expedidas pela Receita no ano passado são referentes a 2008 - prazo-limite para as multas, já que a infração expira em cinco anos. Ou seja, as multas dos últimos cinco anos ainda não teriam sido contabilizadas.

“As divergências entre as empresas e o Fisco geraram uma insegurança jurídica brutal. O Brasil precisa com um urgência de uma nova lei, que não retire a competitividade do setor privado” diz Bernard Appy, sócio da LCA Consultores e ex-secretário executivo da Fazenda.

“As multas da Receita contradizem o objetivo de outros órgãos do governo de promover a internacionalização das empresas brasileiras”, diz Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do departamento de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Cinco dias no escritório é tempo demais

NYT- Prerna Gupta

Trabalhei em casa durante a maior parte da minha vida profissional. A liberdade de trabalhar fora de um escritório tradicional foi uma das principais razões pelas quais deixei o mundo corporativo oito anos atrás, aos 23 anos de idade, para inaugurar minha empresa de software.
A ideia de que todos os funcionários precisam estar no mesmo lugar durante oito horas por dia, cinco dias por semana, me parece enlouquecedora e ineficiente. Eu sabia que atingia meu pico de produtividade em determinadas horas do dia, com baixas regulares entre elas. A flexibilidade de determinar quando e onde trabalho sempre me tornou uma trabalhadora melhor.
Mas à medida que minha empresa crescia, tive uma surpresa: comecei a me sentir atraída pelo escritório. Enquanto funcionária, ainda não queria passar meu dia todo lá. Mas no papel de empregadora, queria garantir que todos os meus funcionários trabalhassem de forma eficaz. Exigir que todos passassem ao menos alguns dias da semana no escritório me parecia a forma mais fácil de fazer isso. Também compreendi o valor das conversas que surgem quando as pessoas estão fisicamente juntas em uma sala.
Quando soube que Marissa Meyer, executiva chefe do Yahoo, proibiu os funcionários de trabalharem em casa, meu primeiro pensamento foi: "Ainda bem que não trabalho no Yahoo". Contudo, entendo porque ele se sentiu forçada a colocar a política em prática, ao menos por enquanto. Ela está a cargo de uma empresa gigantesca que se tornou famosa por seu inchaço. Talvez seja exatamente disso que o Yahoo precisa para voltar aos trilhos. A questão é saber se essa política será capaz de aumentar a produtividade em longo prazo.
A noção de que todo mundo precisa estar no escritório cinco dias por semana nos faz lembrar de um tempo em que os funcionários não possuíam as ferramentas necessárias para trabalhar em casa. Porém, agora vivemos em um mundo completamente diferente: uma vez que a tecnologia fez com que os funcionários se tornassem acessíveis 24 horas por dia, os patrões passaram a esperar que fizessem hora extra; sob diversos aspectos, a jornada de 40 horas se tornou um anacronismo.
O Yahoo argumentou no anúncio da nova política que "algumas das melhores decisões e insights ocorrem nos corredores e lanchonetes, quando se conhecem pessoas novas e durante reuniões improvisadas". Certamente isso é verdade, mas também é verdade que alguns dos insights mais criativos só acontecem quando o cérebro humano tem o ócio necessário para pensar. Esses momentos em que a mente vaga quase nunca ocorrem durante o corre-corre do dia a dia no escritório.

No mundo de hoje, em que estamos constantemente conectados e quase sempre trabalhando, o escritório deveria ser repensado como um local de encontro, onde se comunicam ideias e se reforçam os laços interpessoais. Além disso, os funcionários deveriam ter o respeito e a responsabilidade necessária para gerir suas próprias grades horárias, além de trabalhar pelo tempo que achassem necessário e onde preferissem. Esse é o princípio que seguimos em nossa empresa, chamada Khush. Vamos ao escritório três dias por semana, cinco horas por dia, a partir do meio dia.
Em 2011, um grande fabricante de aplicativos, a Smule Inc., nos adquiriu e descobri que a complexidade cresce juntamente com a equipe. A comunicação é um desafio ainda maior. É fácil ignorar detalhes, perder oportunidades de colaboração espontânea e até mesmo as melhores intenções podem ser mal compreendidas.
Ainda assim, a despeito do tamanho da empresa, os princípios básicos da produtividade não mudam. Pessoas espertas ainda trabalham melhor quando podem escolher quando e onde atuar. Esse tipo de flexibilidade também ajuda funcionários que têm filhos. Alguns de nossos engenheiros costumam fazer pausas à tarde para buscar os filhos na escola, então voltam para terminar o serviço. E o trabalho sempre é entregue a tempo.
A Smule já era relativamente flexível em relação aos horários de trabalho, pedindo que os funcionários trabalhassem um mínimo de 5 horas por dia, quatro dias por semana no escritório. Recentemente, quando nossas empresas se fundiram ainda mais, a matriz passou a pedir que os funcionários da Khush adotassem os horários da Smule. Mas ao invés disso, convenci o executivo-chefe da Smule a adotar a grade mínima de três dias por semana que minha empresa já mantinha. Ele concordou com a mudança, muito embora tivesse suas dúvidas – ele acredita de verdade na cooperação presencial.
Acho que essa é a política que mais se aproxima de um meio termo que satisfaça as necessidades tanto de empregados quanto de empregadores. Ao invés de contar com princípios organizacionais projetados para uma época mais antiga, as empresas deveriam desenvolver novas estratégias para acabar com os desafios de se trabalhar em casa.

Fonte: http://economia.ig.com.br/carreiras/2013-03-18/cinco-dias-no-escritorio-e-tempo-demais.html 18/03/2013

quinta-feira, 14 de março de 2013

JBS sai de prejuízo para lucro de R$ 718,9 milhões em 2012

SÃO PAULO - Em 2012, a JBS teve um lucro líquido de R$ 718,9 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 75,7 milhões do ano anterior. O lucro líquido ajustado no ano ficou em R$ 1,259 bilhão.

O Ebitda alcançou R$ 4,410 bilhões no período, um incremento de 40% sobre 2011. A margem Ebitda em 2012 melhorou, alcançando 5,8%. No ano anterior, havia sido de 5,1%.

No ano que passou, a JBS teve uma receita líquida de R$ 75,696 bilhões, um incremento de 22,5% na comparação com 2011. Segundo a empresa, a expansão se deu, principalmente, em decorrência do aumento do volume vendido de carne bovina e do início da operação de aves no Brasil. A alta dos preços de carne bovina e de aves nos Estados Unidos também contribuiu par ao resultado.

A JBS encerrou 2012 com uma relação dívida líquida/Ebitda de 3,4x, abaixo dos 3,7x do fim do terceiro trimestre de 2012. Segundo a empresa, a redução da alavancagem é resultado da geração de caixa livre de R$ 305,4 milhões no trimestre e do aumento do Ebitda nos últimos doze meses.

No quarto trimestre, a maior produtora de carnes do mundo teve lucro líquido de R$ 66,4 milhões, alta de 160% ante igual período do ano anterior.

Contudo, o resultado, que ficou abaixo da expectativa de analistas, recuou 82% na comparação com o terceiro trimestre.

O resultado "foi influenciado pela expansão do volume de carne comercializado a partir do Brasil e também pelo início das operações de aves no país", disse a JBS em nota.

Além disso, informou a empresa, o ajuste nos preços da carne bovina e de aves nos Estados Unidos e a entrada no mercado canadense também foram fatores que contribuíram para o desempenho da JBS.

O lucro líquido ajustado foi de R$ 310,4 milhões. Esse item desconsidera a parcela do imposto de renda diferido passivo que se refere ao ágio gerado na controladora --uma provisão que somente deverá ser paga se a companhia alienar investimento relacionado.

O Ebitda, que mede o desempenho operacional da companhia, totalizou R$ 1,17 bilhão, alta de 24,5% ante o mesmo período de 2011.

Os analistas apontavam em média R$ 282 milhões de lucro líquido e 1,15 bilhão de Ebitda.
Conforme o previsto pela empresa, a receita da companhia no ano atingiu R$ 75,7 bilhões, com um crescimento de 22,5% ante o ano anterior.

"Os resultados financeiros de 2012 foram positivos, mas é importante destacar o desempenho operacional de nossos negócios e também o processo de consolidação realizado pela companhia após anos de crescimento expressivo", disse em comunicado.

A companhia realizou forte processo de expansão, elevando sua capacidade de abate, mas vem anunciando que agora espera consolidar investimentos recentes.

Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/jbs-sai-de-prejuizo-para-lucro-de-7189-milhoes-em-2012-7833966 14/03/2013

quarta-feira, 6 de março de 2013

CVM multa ex-gestores da Brasil Telecom em R$ 1,75 mi em caso Opportunity

Após quase oito anos, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) condenou ex-executivos e membros do Conselho de Administração da Brasil Telecom (BrT) por terem atuado em favor do grupo Opportunity, um dos controladores e responsável por sua gestão até 2005.

Entre os condenados estão a ex-presidente da tele Carla Cico, o ex-diretor-financeiro Paulo Pedrão Rio Branco e o ex-presidente do conselho de administração Luís Octávio da Motta Veiga.

Ao todo, a autarquia aplicou multas no valor de R$ 1,75 milhão, com a condenação de oito ex-gestores da empresa. Cabe recurso ao conselho de recursos do SFN (Sistema Financeiro Nacional).

Ex-conselheiro e ex-presidente da companhia, Humberto José Rocha Braz recebeu a maior autuação: R$ 500 mil. Os demais foram multados em R$ 250 mil cada um.

Rio Branco também foi condenado em outro processo, acusado de permitir empréstimos da BrT para outra empresa do Opportunity. O dinheiro foi usado na compra das teles regionais Telemig e Teleamazônia Celular, integradas mais tarde à BrT.

Os advogados dos condenados, presentes ao julgamento, não quiseram falar sobre a decisão. Apenas Francisco Mussnich, advogado de Humberto Rocha Braz e de Eduardo Cintra Santos, disse que irá recorrer da sentença.

HISTÓRICO
Adquirida pela Oi em 2008, a Brasil Telecom foi formada a partir de uma fatia da antiga Telebras, na privatização do setor, em 1998.

Pouco após o leilão, tiveram início as brigas entre os sócios. De um lado estava o Opportunity, que comandava a companhia. De outro, a Telecom Italia e os fundos de pensão Previ e Petros.

Em 2005, a disputa teve fim, quando o Opportunity perdeu o apoio do Citibank, que detinha um fundo estrangeiro administrado pelo banco brasileiro. Esse fundo dava ao banco o controle sobre a empresa.

No entendimento da CVM, os gestores da BrT agiram para manter o controle da companhia em favor do Opportunity, dando início a uma "guerra" judicial --patrocinada pela companhia, que contratou advogados.

Outra irregularidade constatada foi a anulação de uma convocação para assembleia geral, cujo tema central seria a troca dos conselheiros da companhia após a retirada de apoio do Citi ao Opportunity, em setembro de 2005.

CONDENADOS
Dentre os condenados está Robson Barreto, ex-conselheiro indicado pela Telecom Italia. Ele foi o único que não teve a condenação aprovada por unanimidade. A diretora da CVM Luciana Dias votou por sua absolvição.

Os demais condenados eram ligados ao Opportunity.

Autor: Pedro Soares

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1241385-cvm-multa-em-r175-mi-ex-gestores-da-brasil-telecom.shtml 06/03/2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

Gestão Estratégica: Balanced Scorecard

Resumo

Cada vez mais as organizações de todo o mundo percebem que para prosperar e continuar rentáveis é necessário considerar aspectos intangíveis ao invés de apenas ater-se à análise financeira. O Balanced Scorecard foi proposto como uma ferramenta que abre os horizontes das organizações, sejam elas com fins lucrativos ou não, por partir dos pontos fundamentais da organização criando novos enfoques que se somam à financeira e gerando uma compreensão holística aos colaboradores. Apresentamos o Balanced Scorecard e sua metodologia através do exemplo da empresa Nokia do Brasil Tecnologia Ltda.


1 INTRODUÇÃO

Diz-se que os indicadores contábeis e financeiros tradicionais são essenciais à correta gestão de uma organização. São fundamentais, porém não mais suficientes. Cada vez mais os executivos e gerentes percebem que as formas tradicionais de mensuração puramente financeira como retorno sobre o investimento, lucro e rentabilidade, não são mais fontes de informação suficiente em um mundo cada vez mais dinâmico, exigente e competitivo. Isto ocorre, pois o principal sistema de avaliação de muitas empresas ainda é o tradicional relatório financeiro, que não fornece as informações necessárias para a mensuração e gestão do valor criado pelos ativos intangíveis [1].

Em resposta a esta necessidade crescente, surgiu na década de 1990 o modelo de Balanced Scorecard (BSC) proposto por Robert S. Kaplan e David P. Norton em publicação da Harvard Business Review. Surgia assim, o BSC – uma ferramenta que oferece uma visão abrangente e ao mesmo tempo detalhada da organização. Imediata, porém com visão a médio e longo prazo [2].
O BSC é um conjunto de indicadores equilibrados que permite aos gestores visualizar a empresa sob várias perspectivas ao mesmo tempo, resultando na capacidade de traduzir e implementar a estratégia para alinhar esforços e metas em busca de melhoria contínua, criação de valor e crescimento.

O BSC parte da percepção que nenhum indicador isolado é capaz de fornecer metas de desempenho claras ou de manter o foco da organização naquilo que é realmente relevante. É exatamente este ciclo vicioso de análise única e exclusiva dos indicadores financeiros de uma empresa que o BSC rompe para propor um sistema mais abrangente de indicadores. Ao melhorar os indicadores operacionais, como duração dos ciclos e índices de defeitos e os resultados financeiros serão uma conseqüência.

Nascia o conceito que se os processos internos são mensurados e guiados por objetivos e metas alinhadas com a estratégia e a visão da empresa, a organização cria valor, melhora seus processos e procedimentos, realimentando-os e corrigindo sistematicamente seu rumo na direção desejada. Assim, com um ganho de eficiência interna, a empresa dotada de uma estratégia consistente termina atingindo os objetivos financeiros.

Seguindo este raciocínio, o lucro e o valor são obtidos de forma sustentável, pois para tanto foram criadas as bases necessárias à continuidade do crescimento, por meio da realimentação de todos os processos e da aprendizagem.

Uma das grandes contribuições do BSC é a tradução da visão estratégica da organização em termos operacionais e metas tangíveis que propiciam o alinhamento dos processos da empresa à estratégia adotada, garantindo o foco nas ações tomadas. O Balanced Scorecard não ajuda apenas a trabalhar corretamente, mas também a trabalhar naquilo que é certo, de forma correta. O BSC vai além, pois parte da estratégia e do planejamento.
Outra contribuição importante é o equilíbrio entre indicadores financeiros e outros não-financeiros, sendo que estes últimos obedecem a pelo menos três perspectivas básicas: clientes, processos internos e aprendizado e crescimento.
Ao invés de ater-se apenas à ótica contábil, o BSC cria outras três perspectivas que se somam à financeira, interligando-se e criando um conjunto de indicadores equilibrados que monitoram apenas aquilo que realmente é relevante à organização. Para transformar esta idéia em realidade, o BSC exige que se visualize o desempenho da empresa em quatro perspectivas:
a) Perspectiva do Cliente;
b) Perspectiva dos Processos Internos;
c) Perspectiva de Inovação e Aprendizado;
d) Perspectiva Financeira.

Estas quatro perspectivas fornecem respostas a quatro questões básicas, respectivamente [3]:
a) “Como queremos que os clientes nos vejam?”;
b) “Em que devemos ser excelentes?”;
c) “Como seremos capazes de continuar melhorando e criando valor?”;
d) “Como parecemos para os acionistas?”.

O BSC propõe que se estas questões forem satisfatoriamente respondidas pela missão, visão e estratégia de uma organização, as quatro perspectivas serão devidamente consideradas, o plano estratégico de trabalho será consistente e o sucesso dependerá da devida tradução do plano em termos operacionais.

A partir do momento em que os gerentes tenham condições de visualizar a organização sob estas quatro perspectivas, várias necessidades começam a ser atendidas. Primeiro, o Balanced Scorecard reúne em um único relatório gerencial muitas informações essenciais de diversos processos e departamentos: evolução de faturamento, retorno sobre investimento, melhoria da qualidade dos produtos e serviços, redução de custos, redução de tempo de lançamento de novos produtos, etc.
Segundo, o BSC protege contra a cultura da resposta satisfatória ao invés da resposta ótima (subotimização). Por considerar em conjunto todos os indicadores operacionais relevantes, o Balanced Scorecard permite que se avalie se o objetivo em determinada área foi atingido em detrimento de outra, já que mesmo os melhores objetivos às vezes são alcançados de maneira inadequada. Por exemplo, às vezes é possível reduzir os custos de um produto diminuindo seu nível de qualidade ou através de uma reengenharia. Também é possível aumentar o lucro líquido em curto prazo cortando-se os investimentos programados ou em médio e longo prazo, reinvestindo estrategicamente os recursos disponíveis no presente.
Ao BSC podem-se acrescentar outras perspectivas para adaptá-lo segundo as conveniências das organizações, mas na grande maioria dos casos, as quatro perspectivas básicas propostas por Kaplan e Norton são suficientes [4].

As perspectivas demonstram que o BSC está fortemente estruturado no conceito de causa e efeito onde ações isoladas, porém alinhadas com a estratégia, somam-se em uma cadeia de inter-relações para tornarem reais os objetivos planejados. Observa-se também que o Balanced Scorecard proporciona a visão necessária para a gestão não apenas dos ativos tangíveis, físicos e financeiros, como também dos ativos intangíveis, que são cada vez mais importantes no meio empresarial [5], [6].

1.1 FORMULAÇÃO DE UM BALANCED SCORECARD
O processo de formulação do BSC é sempre no sentido da missão para os objetivos operacionais.

Largamente utilizado na formulação de Balanced Scorecards, o mapa estratégico é uma ferramenta gráfica que auxilia na elaboração do BSC, pois expõe de forma conjunta todos os pontos críticos das quatro perspectivas, mostrando suas inter-relações de causa e efeito que culminam no cumprimento da missão e na visão de longo prazo [7].

Os gerentes seniores (alta-direção) devem definir objetivos gerais sob cada uma das perspectivas. Depois, os gerentes devem traduzir esses objetivos gerais em metas específicas e desenvolver indicadores apropriados para cada uma das metas. Como boa parte das ações ocorre nos níveis operacionais, o cumprimento das metas é facilitado quando os gerentes criam indicadores influenciáveis pelas ações dos empregados, ou seja, quanto melhor a tradução das metas do BSC em termos operacionais, maior a probabilidade de êxito. Este vínculo assegura que os colaboradores situados na base da organização possuam objetivos, plano de trabalho e metas claros.

Mas como deve ser montado um mapa estratégico? Em baixo, deve-se posicionar a perspectiva da inovação e aprendizagem – ou aprendizagem e crescimento, como também é conhecida – que dará suporte à perspectiva interna localizada logo acima, que por sua vez apoiará as perspectivas do cliente e das finanças para atingir a visão e a missão da empresa. No entanto, ao se criar um mapa estratégico, deve-se fazê-lo no sentido inverso, ou seja, da missão e visão para as perspectivas, até chegar ao aprendizado e crescimento.

Neste momento, deve-se responder claramente à pergunta fundamental de cada perspectiva, além de ir mais a fundo na formulação de cada perspectiva e nas suas interconexões de causa e efeito, como visto no capítulo dois. Também é necessário restringir os vários indicadores propostos àqueles que são verdadeiramente críticos, limitando em até 15 a 20 o número de indicadores do BSC. Desta forma, o BSC não deve multiplicar o elevado número de indicadores que as empresas já possuem e sim concentrar a atenção naqueles poucos que são verdadeiramente estratégicos e trarão resultados superiores. Portanto, é importante que o BSC force os gerentes a selecionar um número limitado de indicadores críticos dentro de cada uma das quatro perspectivas para concentrar a visão estratégica e os esforços dentro daquilo que é realmente relevante.

Após definido o mapa estratégico, deve-se desdobrar os objetivos estratégicos de cada perspectiva em indicadores, metas e plano de ação, abrangendo a divulgação do BSC entre todos os colaboradores da empresa e um sistema de informação e banco de dados para dar suporte ao Balanced Scorecard. Ao final, o BSC todos os pontos devem ser definidos.

2 EXEMPLO DE IMPLANTAÇÃO E GERENCIAMENTO
Para exemplificar a implantação e o gerenciamento do Balanced Scorecard, foi realizada entrevista com a Gerente de Pós-Vendas, Sandra C. A. Andreassi, da Nokia do Brasil Tecnologia Ltda., subsidiária brasileira da finlandesa Nokia Corporation, líder mundial em comunicação móvel que adotou o Balanced Scorecard em parte de suas operações em território nacional.
Em janeiro de 2004 a Gerente de Pós-Vendas assumiu o cargo e foi incumbida de reestruturar seu departamento com base no BSC para alinhar seus esforços com os parâmetros requisitados pela matriz mundial da Nokia e melhorar o desempenho do suporte ao cliente.

Para implantar o BSC, foi necessário avaliar o estado inicial dos processos de pós-vendas da organização. Os indicadores relativos aos processos de Customer Care (nome dado ao pós-vendas na Nokia – atenção ao cliente, em português) não eram animadores.

Apesar da Nokia do Brasil ser na época a fabricante de aparelhos celulares mais lembrada pelos consumidores conforme a pesquisa Folha Top of Mind 2003 realizada pelo Folha Online em outubro de 2003, uma pesquisa interna da empresa constatou que seus clientes consideravam seus serviços de suporte inferiores quando comparados com seus concorrentes [8].

A quantidade de produtos em assistência técnica à espera de liberação para o cliente era considerada muito grande, assim como o prazo médio para a devolução de aparelhos celulares aos clientes. Muitos processos de reparo de aparelhos ultrapassavam o prazo máximo previsto pelo Código de Defesa do Consumidor, o que obrigava a empresa fazer a troca do aparelho e ainda gerava crescentes processos judiciais por meio do PROCON [9]. Logo a Gerente de Pós-Vendas descobriu que seria necessário também reavaliar os estoques mínimos e totais de peças sobressalentes para reparo de aparelhos celulares, um dos motivos na demora dos reparos.

Além da baixa satisfação de clientes que necessitaram dos serviços de assistência técnica, a qualidade do suporte ao cliente era outro ponto a ser considerado tanto por conta dos problemas relativos ao atendimento no call center (centro de atendimento de chamadas telefônicas, em português), às imperfeições nos manuais do usuário que acompanhavam os produtos.
As metas de desempenho impostas pela alta-direção tornavam a empreitada ainda mais desafiadora. Era necessário:
a) Criar serviços focados nos consumidores que atendessem às necessidades de cada segmento;
b) Elevar os serviços e o atendimento ao cliente a níveis nunca antes vistos de integração entre os canais de logística;
c) Investir continuamente na avaliação e melhoria da satisfação dos clientes;
d) Aumentar o controle de custos do Customer Care;
e) Melhorar os processos de estoque e logística;
f) Estabelecer foco em qualidade para todos os processos de Customer Care.

2.1 FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO
Com base na situação inicial e nas metas e objetivos determinados pela alta-direção, o departamento de pós-vendas iniciou sua reestruturação a partir da missão e visão da matriz global da empresa. Estes dois pilares fundamentais guiaram os esforços para a construção da estratégia de trabalho e elaboração do mapa estratégico.
Para a formulação da estratégia e planos de ação foi utilizada a metodologia de mapas estratégicos. É interessante ressaltar que, por possuir total liberdade para implantar um Balanced Scorecard específico em sua área, a Gerente de Pós-Vendas analisou e formulou a missão e visão específicas para seu departamento, além de elaborar os objetivos, indicadores, metas e plano de ação inicial.

A perspectiva financeira era fundamental, pois todo o departamento de pós-vendas dependia de recursos limitados por um orçamento elaborado pelo departamento financeiro. A solicitação por maiores recursos era possível, mas seria burocrática, demorada e ainda não seria bem vista pela alta-direção.

A perspectiva do cliente foi simples e clara. Era preciso resgatar a satisfação do cliente antes que os concorrentes fossem capazes de ganhar espaço às custas deste ponto, até então, vulnerável.

A perspectiva dos processos internos era um pouco mais complexa, pois para viabilizar o resgate da satisfação do cliente era necessário fazer acertos e revisões de processos, além de criar novas ferramentas de trabalho e serviços para encantar os consumidores finais e as operadoras de telefonia móvel.

Finalmente, a perspectiva do aprendizado e crescimento adotada pela organização era essencial para capacitar cada um de acordo com suas atribuições, treinar, unir e garantir a melhoria contínua de todos os colaboradores.

O mapa estratégico foi traduzido de forma operacional em um plano de ação e em 10 indicadores de desempenho, sendo que 2 deles eram condensações de vários indicadores de desempenho de processos:
a) Retorno de aparelhos até 90 dias após o reparo;
b) Tempo médio de atendimento nas AT;
c) Satisfação do cliente em chamadas para o call center solicitando reparo;
d) Satisfação do cliente em chamadas para o call center solicitando suporte;
e) Troca de aparelhos em garantia;
f) Custo por ligação atendida;
g) Custo por reparo;
h) Custo da garantia sobre a população de aparelhos em garantia;
i) Desempenho dos colaboradores sobre suas metas pessoais;
j) Desempenho do fornecedor de reparos;
k) Desempenho das AT;
l) Desempenho do call center.

Apesar do aparente pequeno número de indicadores, ao capilarizar a estrutura de controle e considerar os indicadores de desempenho que serviam de base para o cálculo daqueles condensados, o total encontrava-se dentro do recomendado por Kaplan e Norton [10].

O plano de ação consistiu em gerenciar cada um dos indicadores escolhidos, resolvendo os problemas críticos detectados. No início das atividades, foi dada ênfase à solução de questões emergenciais, elaboração do planejamento de treinamentos e divulgação do BSC para toda a equipe. Conforme o sistema foi se realimentando com os resultados obtidos, adequações foram feitas e novas iniciativas, programas e ações foram incorporados.

2.2 IMPLEMENTAÇÃO
Já com o plano de ação definido pela Gerente de Pós-Vendas, foram realizadas reuniões para expô-lo a todos os envolvidos. Um dos objetivos foi demonstrar a situação presente e qual a situação almejada no futuro após um semestre, um ano e dois anos. Outro objetivo era indicar a todos a forma com que a equipe trabalharia para chegar às suas metas; era preciso mostrar como cada um deveria fazer sua parte que todos atingissem os objetivos propostos – começavam os trabalhos de transformação de um grupo de trabalho em um time. Foram divulgadas também a missão e a visão da empresa, com o intuito de fortalecê-las.

Nesta mesma reunião, todos receberam uma cópia do código de conduta da Nokia, para que soubessem desde o início sob quais regras deveriam atuar e quais as expectativas da empresa com relação às decisões que deveriam ser tomadas e à postura profissional. O código de conduta explica qual a posição da organização – e consequentemente, qual deve ser a postura de todos os envolvidos – sobre ética e legislação, direitos humanos, conflitos de interesse, presentes, brindes e subornos, práticas no ambiente de trabalho, meio ambiente e fornecedores. Estes parâmetros eram essenciais para que ninguém trabalhasse fora dos padrões exigidos; e caso isto viesse a ocorrer, para que não houvesse contestação.

A criação do sentimento de time e trabalho em equipe foi fundamental logo no início da implementação do BSC. Para criar esta condição, foram elaborados treinamentos sob medida como o Team Building (Criação de Time, em português), que força os participantes a desenvolver várias atividades em equipe ao céu aberto, enquanto são gravadas as suas imagens para posterior análise em conjunto dos próprios participantes.

Atenta a geração do espírito de equipe, os bônus por desempenho foram atrelados às metas de forma gradual conforme o resultado alcançado, porém com um detalhe importante. Ou todos atingiam suas metas e todos ganhavam o bônus, ou ninguém ganhava.
Também foi desenvolvida a pesquisa de opinião Listening to You (Ouvindo Você, em português), realizada entre os funcionários a respeito de vários assuntos relevantes a organização, para que os gerentes pudessem avaliar como conduzir melhor as atividades.
Nesta mesma linha de raciocínio, foi feito um workshop com os funcionários que atuavam no departamento de pós-vendas para que estes recebessem uma realimentação sobre os resultados obtidos no programa Listening to You, expondo os pontos onde foram detectadas debilidades nos processos internos. Depois, eles puderam propor ações corretivas, preventivas e de melhoria nos pontos detectados, o que gerou idéias embrionárias que mais tarde se tornariam ações efetivas dentro da empresa.
Com a implementação do BSC, foram criados planos de controle e rastreabilidade em todos os processos. Alguns indicadores do BSC foram criados a partir de condensações de indicadores de empresas prestadoras de serviço. Por exemplo, a empresa responsável pela logística da Nokia enviava periodicamente os seus KPI (Key Performance Indicators, ou Indicadores Chave de Performance, em português) para apreciação e análise da contratante. Estes KPI eram então analisados, e dentro de um sistema de pesos para cada um, geravam um indicador resumido sobre a logística.

Como planejado estrategicamente, a atenção com o cliente foi elevada. Não só foram instituídas pesquisas regulares com os clientes a respeito da qualidade dos serviços prestados pelo call center, mas também se reestruturou o site da Nokia para que os consumidores obtivessem maior qualidade de informação e maior facilidade para buscá-las via internet.
Visando estreitar os laços com o cliente, dois programas foram desenvolvidos. O primeiro deles, totalmente inédito no Brasil em todas as unidades de negócio da Nokia Corporation, chama-se Fique Conectado. Este programa permite ao consumidor permanecer conectado em um celular em regime de empréstimo pela Nokia, mesmo enquanto o aparelho original se encontra em assistência técnica.
O segundo, denominado Door to Door (Porta-a-Porta, em português), consiste em um serviço de coleta e devolução de aparelho para assistência técnica na própria casa do cliente. Neste programa inovador, o aparelho é reparado no laboratório da Nokia e o fato do consumidor não precisar se deslocar para solucionar seu problema é um diferencial e uma grande comodidade.
Outra iniciativa, o Customer Day (Dia do Consumidor, em português) levou dezenas de funcionários Nokia aos pontos de venda para entender de perto os anseios do consumidor. Sandra C. A. Andreassi esclarece que “respeito é se colocar no papel do cliente para entendê-lo e atender às suas necessidades, buscando sempre exceder suas expectativas”.

Os indicadores de desempenho eram analisados todo mês, pois apesar do BSC projetar resultados a longo prazo, algumas das iniciativas do plano de ação visavam resultados de curto prazo para estancar dificuldades tidas como emergenciais. Após serem gerados, tratados e analisados, os indicadores eram divulgados a todos os envolvidos para que os colaboradores soubessem exatamente em qual etapa da estratégia e em qual passo do plano de ação se encontrava cada um.

2.3 RESULTADOS DA UTILIZAÇÃO DO BALANCED SCORECARD
Os resultados da estratégia adotada, do BSC e do plano de ação começaram a ser visíveis já no final do primeiro semestre. Neste período, o número de AT mais que duplicou, facilitando o acesso dos clientes aos serviços prestados.
A gerente de pós-vendas conta que o número de aparelhos celulares trocados em garantia também sofreu queda brusca de mais de 50%. Os custos operacionais foram reavaliados, o que gerou ações para a sua redução. Um dos melhores resultados ocorreu na reengenharia do inventário, onde foram revistos os estoques mínimos de partes e peças importadas, gerando um corte de mais de 80% em ativos.

No call center, o tempo de espera de atendimento foi reduzido e a qualidade dos serviços foi elevada, o que levou o índice de satisfação geral do cliente com o atendimento a superar o patamar dos 80%, segundo a gerente de pós-vendas.
Com estes resultados animadores, foi dado o prosseguimento do plano de ação, após alguns ajustes. Uma das idéias que foram agregadas na revisão do plano de ação foi divulgar os serviços e o suporte de pós-vendas em eventos de marketing. O projeto piloto aconteceu em Campos do Jordão, no auge alta estação turística, e o resultado superou as expectativas.

Em novembro de 2004, a Nokia foi considerada novamente a marca mais bem lembrada pelos usuários de aparelhos celulares de acordo com a pesquisa Folha Top of Mind 2004 realizada pela Folha Online [11].

Mas foi ao final do segundo ano de adoção do BSC que ocorreu o maior reconhecimento, quando a Revista Consumidor Moderno publicou sua pesquisa em parceria com a empresa TNS/Interscience. Na pesquisa, foi traçada a percepção do consumidor nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife sobre as empresas que mais o respeitam. Foi citado o programa Fique Conectado e a iniciativa Customer Day, como grandes diferenciais, o que levou a Nokia a conquistar o prêmio de empresa que mais respeitou o consumidor na categoria telefones celulares em 2005 [12].

Em dezembro de 2005, o jornal O Estado de São Paulo publicou matéria reconhecendo que apesar da grande maioria dos fabricantes de eletro-eletrônicos não possuírem programas de coleta e reciclagem de equipamentos antigos, a Nokia, além de ser exceção, vai além, recolhendo equipamentos antigos e mantendo um programa contínuo de coleta e reciclagem de baterias [13]. Segundo a Gerente de Pós-Vendas, o cliente só precisa deixar o telefone celular usado em uma das assistências técnicas autorizadas.

Os indicadores do BSC também continuaram sua trajetória de melhoria. O nível de aparelhos trocados em garantia caiu em mais de 76% e o índice de satisfação de clientes com o call center superou a marca dos 89%, segundo a gerente de pós-vendas.Por ter sido corretamente planejado, formulado e executado, o Balanced Scorecard foi bem sucedido, alcançando seus objetivos e metas propostos e conduzindo o pós-vendas da Nokia Brasil à um patamar de excelência inteiramente novo.

3 CONCLUSÃO
O Balanced Scorecard viabiliza e maximiza o trabalho em conjunto de várias ferramentas, metodologias e pensamentos diferentes, pois soma seus esforços em busca de metas e objetivos comuns de forma estratégica e planejada.

A maleabilidade e o dinamismo do Balanced Scorecard são suficientes para que empresas pequenas, médias e grandes, órgãos públicos, instituições e organizações não-governamentais possam utilizá-lo como instrumento de gestão e controle não apenas de processos, como de negócios. Sua proposta é suficientemente abrangente para gerar relatórios que sejam relevantes e compreensíveis a todos os níveis hierárquicos, processos e unidades de negócio integrantes, atendendo não só aos acionistas ou aos colaboradores, mas a todos os stakeholders.

O BSC permite que se trabalhe não somente com foco, metas e objetivos, mas também dá suporte ao pensamento divergente que foge do lugar comum, possibilitando novos rumos e rompendo paradigmas.

Para o Balanced Scorecard ser corretamente implantado e gerido, as organizações devem criar a consciência de que é necessário mudar sua gestão e cultura de trabalho em busca de competitividade, sobrevivência e crescimento. Ao contrário das normas de produtos e sistemas, que forçavam as empresas a adotá-las para vender seus produtos, as organizações só adotarão o BSC quando verificarem que esta é uma revolução cultural essencial para sua perpetuação, atingindo não apenas seus processos, mas toda a concepção da organização – sua missão, valores e objetivos.
É um erro pensar que apenas grandes empresas podem se beneficiar do BSC. As empresas que mais necessitam desta ferramenta são as pequenas e médias empresas, uma vez que são as que possuem menos recursos disponíveis e que melhor devem planejar e executar suas ações e atividades para sobreviver e prosperar. São exatamente estas organizações que podem obter os melhores resultados relativos com o uso do Balanced Scorecard, pois geralmente carecem de missão, visão, objetivos claros e análises críticas de seus negócios e resultados.
Muitas dessas empresas menores ainda não possuem nem sequer controle financeiro adequado para dar suporte à análise e execução de projetos, investimentos e planejamento de suas atividades. Mas mesmo assim, algumas possuem certificação ISO 9000:2000, o que demonstra que elas ainda se encontram na fase de “fazer as coisas do jeito certo”, não tendo acordado para “fazer as coisas certas do jeito certo”. Porém, por serem menores, as mudanças podem ser mais ágeis e dinâmicas, o que as deixa em vantagem, neste sentido, sobre empresas maiores.

O Balanced Scorecard e sua sinergia com outras ferramentas de gestão, além da cultura do planejamento e do pensamento estratégico, podem ser a resposta que as empresas brasileiras – mesmo as menores – necessitam para alcançar competitividade mundial, exportar, resistir às empresas internacionais e prosperar.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALBUJA, Cristian. D. Balanced Scorecard (BSC). Dissertação (Graduação em Engenharia Elétrica). São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2006.
2. KALLÁS, D. O que é Balanced Scorecard. São Paulo: Symnetics, 2005.
3. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Kaplan e Norton na Prática. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
4. KALLÁS, D. Balanced Scorecard: Aplicação e Impactos. Um estudo com jogos de empresas. Dissertação (Mestrado em Administração). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003.
5. SARDENBERG, D. P. Instrumento de Avaliação de Sistemas de Gestão Estratégica com base no Balanced Scorecard. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.
6. IGLESIAS, A. E. O Balanced Scorecard e o Estilo Brasileiro de Administrar. In: Anais do Terceiro Iberoamerican Academy of Management. São Paulo, 2003.
7. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas Estratégicos: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
8. MOURA, G. Top Performance: Disparada da Nokia. Folha Online, São Paulo, 8 out. 2003.

9. BRASIL. Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 set. 1990.
10. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
11. MOURA, G. Comunicação: Conexão em ritmo frenético. Folha Online, São Paulo, 21 out. 2004.
12. PAVONI JUNIOR, G. Respeito é bom e todos gostam. Revista Consumidor Moderno, São Paulo, ano 10, n. 99, p. 60-95, dez. 2005/jan. 2006.
13. TEITELBAUM, I. R. Maioria dos fabricantes não auxilia usuário no descarte. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 dez. 2005.

Autor: Cristian Diego Albuja

Fonte: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_25439/artigo_sobre_gestao_estrategica:_balanced_scorecard
04/03/2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

China lidera as aquisições de empresas brasileiras

A China foi o país que mais investiu recursos em fusões e aquisições no Brasil entre 2009 e 2012.

Empresas do país asiático foram responsáveis por 16,1% --equivalente a US$ 21,5 bilhões-- do total dessas transações nesse período, um pouco à frente dos Estados Unidos (15,6%).

A conclusão é de uma pesquisa do banco Credit Suisse que mapeou 677 operações de fusões e aquisições caracterizadas como IED (investimento estrangeiro direto) entre 2005 e 2012.

As transações analisadas pelo banco somaram US$ 188,3 bilhões, mais da metade (56%) de todo o IED recebido como participação no capital de empresas pelo Brasil nesse período. Existe outra categoria de IED, classificada como empréstimos entre empresas.

Entre 2005 e 2008, a presença da China nas operações de fusões e aquisições no Brasil tinha sido marginal (apenas 0,1% do total).

"Esse salto da participação chinesa ajuda a explicar o forte desempenho do investimento estrangeiro direto no país nos últimos anos", diz Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse.

PESO DA CHINA
Dados oficiais divulgados pelo Banco Central não permitem identificar o peso da China nos investimentos realizados no Brasil porque contabilizam os fluxos de IED com base no país de onde os recursos são remetidos.

Isso faz com que paraísos fiscais e grandes centros financeiros escondam muitas vezes a nação de origem dos investimentos.

Segundo dados do BC, a China respondeu por apenas 0,6% do IED recebido pelo Brasil entre 2009 e 2012.

"Esse estudo cobre em parte uma lacuna importante dos dados oficiais. Com base em informações anedóticas, já havia uma impressão de que a China havia se tornado uma fonte importante de IED", afirma o economista Luis Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transacionais).

Editoria de Arte/Folhapress

SALTO EM RANKING
O Credit Suisse estima que os US$ 65,3 bilhões de IED que o Brasil recebeu em 2012 representaram 5% do total investido por empresas multinacionais globalmente, a fatia mais alta registrada em três décadas.

Embora o fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil tenha recuado 2,1% no ano passado, a queda foi inferior às estimativas para outros países emergentes como China (-3,7%), Rússia (-16,6%) e Índia (-13,6%) e para o IED global (-18,3%).

Esse movimento contribuiu para que o Brasil saltasse do quinto para o quarto lugar no ranking de nações que mais receberam IED, segundo estimativa do Credit Suisse, entre 2011 e 2012.

O país, atualmente, só perde para EUA, China e Hong Kong. Em 2009, o Brasil ocupava a 14ª posição.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1238804-china-lidera-as-aquisicoes-de-empresas-brasileiras.shtml 01/03/2013