segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Gigante do varejo de música HMV pede concordata


Foto: Reuters


A famosa cadeia britânica especializada em música e filmes HMV entrou em concordata após mais de 90 anos de existência, tornando-se a mais recente empresa de projeção mundial no ramo a passar por sérias dificuldades em virtude da queda de vendas de CDs e afins.

A Deloitte, auditoria apontada como administradora da empresa em processo de concordata,vai manter abertas as 239 lojas da HMV no Reino Unido e na República da Irlanda - que empregam 4.350 pessoas -, enquanto avalia as perspectivas para o negócio e procura potenciais compradores.
A negociação de ações da HMV na Bolsa de Valores de Londres foi suspensa, informou a empresa em um comunicado.
A HMV, que iniciou suas atividades em 1921, tem encontrado problemas para se adaptar ao varejo online, mas suas dificuldades também refletem o mau momento enfrentado por várias cadeias das principais ruas de comércio britânicas.
Recentemente, o país testemunhou a falência da Jessops, varejista da câmeras e filmes fotográficos, e da conhecida cadeia de eletroeletrônicos Comet.
Trevor Moore, principal executivo da HMV, afirmou já ter iniciado os trabalhos com a Deloitte.
"Continuamos convencidos de que encontraremos uma saída", ele disse a jornalistas. "A intenção é continuar com as lojas abertas. 

Promoção
A HMV se encontrava em crise financeira havia mais de um ano. Em 13 de dezembro ela avisou que poderia ter que quebrar acordos de empréstimos bancários, o que fez o preço de suas ações desabar.
A varejista, cuja primeira loja foi aberta em Oxford Street, Londres, em 1921, foi duramente afetada nos últimos anos pela forte concorrência de supermercados, varejistas online e downloads digitais.
Como dívidas se acumulando, a HMV vendeu parte do negócio, seu braço de entretenimento ao vivo e a cadeia do livro Waterstones.
Na semana passada, ela anunciou uma promoção especial de um mês, com corte de 25% dos preços, o que provocou temores de que a empresa precisava se livrar do estoque após vendas fracas no Natal.
O jornal Financial Times informou que a gota d'água veio nos últimos dias, quando os fornecedores, incluindo gravadoras e empresas de cinema, se recusaram a ajudar a HMV com financiamento para que pudesse continuar a operar.  

'Irrelevante e insustentável'
Neil Saunders, diretor da empresa de análise de varejo Conlumino, disse que a nomeação de administradores para a HMV "sempre foi inevitável".
Ele disse: "Enquanto muitos fracassos dos últimos tempos têm sido, pelo menos em parte, impulsionados pela economia, os problemas da HMV decorrem de uma falha estrutural.
"Na era digital, onde 73,4% da música e do cinema estão online, e o modelo de negócios da HMV simplesmente se tornou cada vez mais irrelevante e insustentável"
Neil Sounders, analista
"Na era digital, onde 73,4% da música e do cinema estão online, e o modelo de negócios da HMV simplesmente se tornou cada vez mais irrelevante e insustentável".
Ele disse que, embora a marca HMV "certamente tem algum valor" para os potenciais compradores, o modelo de negócios atual está morto.
"Não há futuro real para o varejo físico no setor da música", disse ele.
Maureen Hinton, analista da Verdict Research, concorda que HMV foi lenta quando se trata de vendas digitais.
"Se a empresa tivesse migrado para o online há 10, 15 anos, teria uma marca muito forte, que poderia ter construído uma presença real", disse ela à BBC. "Mas, no momento, se pensarmos online só pensamos na Amazon".
Mateus Hopkinson, da Local Data Company, disse que os problemas com a HMV são particularmente preocupantes para os centros comerciais.
"Se você levar em conta o ocorrido a mesma semana com a Jessops, é de se esperar outros problemas nas high streets (principias ruas de comércio varejista nos grandes centros urbanos).
"E HMV particularmente tem algumas lojas muito grandes - e, obviamente, mais de 60% de suas lojas estão em centros comerciais, que serão atingidos.".


Nota: 90 anos de história não foram suficientes para sustentar a gigante HMV, uma grande lição permanece, não dá para viver de passado, se quer sobreviver no mercado atual precisa-se reinventar constantemente.

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